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domingo, 7 de novembro de 2010


          Paciência

Diante das grandes dificuldades da vida
Não receie qualquer amargo imprevisto.
Pois tudo o tempo sábio sempre elucida.
E o Bem abençoa mais, não sendo visto.

Confie convicto, mesmo de alma ferida.
As vicissitudes são grandes lições, visto
Que não fora encenação de Jesus Cristo
Toda a cruciante dor no calvário sofrida.

Seja paciente, humilde tolere e aguarde.
A esperança, sem fé, só gera desalento.
Não siga à toa, imitando folha ao vento.

Não é o Bem que demora ou vem tarde,
É a nossa pressa, nossa ilusão em fogo!
Que bastante o impede de chegar logo.

                               Jarbas Junior

           Haicais

Inverno, neva; frio
Que congela a luz bela
Da lua dentro do rio.

O pirilampo ilumina
Pequeno o sentido pleno
Da humildade divina.

O tempo modela
Por meio sempre da dor,
A essência da pérola!

Que há na fragrância
De valor que lembra a flor
Em sua real substância?

O tempo no cometa
Viaja veloz! Na vaga,
É a voz do planeta!
                        
              (Haicais tirados do livro O Mistério das Pérolas de Bashô. Thesaurus Editora, 2010, com o apoio do FAC-GDF)

                   RIMAS

E quis amor que o fado fosse adverso,
Porque sem ser provado que homem
É capaz de pôr no horizonte do verso
A essência das coisas que não somem?

Há de sofrer angustiado quão perverso
Pode ser o mundo ante os sonhadores.
A necessidade esconde o céu submerso
No estômago, e como vencer as dores?

E a dúvida da escolha – o que fazer...?
A luta cotidiana pelas coisas imediatas,
Ou o martírio das conquistas abstratas?

Só a coroa-de-espinhos pode satisfazer
A ânsia azul de imortalidade, a loucura:
Ser poeta! Não importa a desventura!...
                         Jarbas Junior, soneto tirado do livro Navio Português, Thesaurus Editora, 2004, com o apoio do FAC-GDF


                LÍRICA
Que o mar leve de vaga em vaga
A canção de minha alma no vento!
Nem o tempo que tudo apaga!
Me afastará do teu pensamento...

Estou do teu lado, ouve!
E olha a espuma do mar!
É a minha alma que se dissolve
A cantar, sorrindo!

Não posso ficar triste,
Se tudo que existe
Agora, é o teu rosto lindo!
                Jarbas Junior, poema tirado do romance A Jangada de Orson Welles,Thesaurus Editora, 2006, com o apoio do FAC-GDF

         UMA REFLEXÃO DIFERENTE

A Pietá negra, certamente seria
Outra mãe, no lugar de Maria:
Uma negra Irene, santa escrava!

O filho morto também no colo;
Um jovem escravo forte,
Chicoteado até a morte.
              Jarbas Junior, poema tirado do livro As Marcas do Chicote, Thesaurus Editora, 2008, com o apoio do FAC-GDF

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